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3 de dez. de 2015

Os trovões de minha voz




Os trovões de minha voz já não o estremeciam mais, nitidamente cuidadoso ele voltou para me escutar, ler e desvendar, cada traço e garrancho meu. Ele sempre fora apaixonado por minhas escritas, acalantava a cada pontuação. Passei pela fase de escritora em silêncio, desde a boca até as escritas, nada havia em minha mente, papéis ou coração, ele cuidadosamente se prontificou em preencher cada lacuna. Notei sua preocupação com meu bem desde quando nos conhecemos, nos trombamos e tropecei, segurou-me com a firmeza de um homem e com o cuidado de um apaixonado, me apaixonei. O olhava em êxtase, poucas foram as demonstrações de afeto e ajuda que tive nessa vida sem realmente um interesse em segundo plano, seja no segundo, terceiro ou quarto, nele só havia eu, só havia nós. Sentia meu peito preenchido por tudo que ele havia absorvido de bom até aquele instante de sua vida, linda mãe, bendita e amor. Há quem não goste de sua sogra, eu particularmente a agradeço diariamente por tamanha obra.

Um de meus prazeres diários tornou-se o acalentar com minha escrita e pontuação, além de carinhos em prontidão. Via em seu sorriso um agradecimento pelo momento além de convite para vida, convite esse que aceitei sem pestanejar, joguei-me em teus braços, gargalhei e desde então vivo como nunca, aproveitando os grandes e pequenos prazeres da vida. Eu o amo! Tanto que as vezes quando andamos pela rua ou estamos em algum restaurante ou praia o peito aperta e não cabe mais o sentimento de tão grande e intenso que chego a gritar, "Eu o amo!". Envergonhado pelos olhares agitados ele se acanha, gargalho por sua imagem rosada em bochechas e digo "Tolos eles, não sabem o que vivo nem o que carrego no peito, precisam passar por isso... Tolo você, amar nunca foi vergonha, é tesão, alegria e frio na barriga, vezes ou outro é grito, envergonhar-se por isso é tolice!" Ele abaixa a cabeça e dá de ombro, gargalha sorrateiro, me abraça e beija, beijo gostoso, que acalenta e há encontro de almas, agradeço em pensamento por viver esse sonho acordada. Ele sabendo de meu jeito leonina que odeio receber elogios, me transborda dos mesmos para brotar minha timidez e bravura, eu sorria e dava de ombro, ele gargalhava por minha face e vasos sanguíneos que saltavam em meus braços e rosto com sobrancelha que se sobressaía.

Os trovões de minha voz já não o estremeciam mais, passaram a acalentar feito canção de ninar nitidamente cada ponto de seu corpo, alma e coração. Agradeci como nunca. No intervalo de cada encontro de almas (beijo) ele foi entendendo mais um bocado desse tal amor e seus instintos, surpreendeu-me na praça, embaixo de um sol quente e lindo, de vento fresco, gritou meu nome juntamente de juras de amor, refresquei-me. Após sua entrega me entreguei a eterna fase presente de escritora em vespas pela boca, dedos e pensamentos, cada detalhe era motivo de texto. Meus dedos passeavam por seu corpo, como se escrevesse nele, a cada pontuação uma mordida.

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