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28 de jul. de 2013

Mulher dominadora também é dominada






Meu corpo estava fadado ao seu e assim eu havia travado uma luta com minha mente, o status de dependência de sua presença em minha vida era algo mantido por mim e ignorado para os demais. Logo eu, mulher dominadora ser dominada por um cara só com seu roçar de barba. Uma barba por fazer que me cobiçava por inteira, me tentava ao cheiro, beijo e apego imediato. Levava-me aos arranhões e mordidas, quem sabe até aos chupões que caminham ao pescoço que é tão convidativo quanto ao resto do corpo, variava de acordo com o tempo que tínhamos, local onde estávamos e nível de euforia. Não éramos de perder tempo, onde estávamos as mãos entravam em ação e as bocas roubavam toda a atenção, corpos em constante movimento e arrepio. Por mais que eu fosse dominadora com ele isso não se fazia, por mais que eu batesse o pé para que ele me ouvisse além de gemidos em nada adiantava, eu queria encobrir além de corpos que nós dávamos mais certo na horizontal. Como se ele não tivesse a mínima vontade ou curiosidade de me ver moça prendada com sorriso estonteante ao bater um bolo, agarrada ao cobertor se encolher durante uma cena do filme de terror ou descalça só de toalha cantando alto a minha música preferida de olhos fechados e ainda assim bailar sem esbarrar em nadinha, logo eu que sou tão destrambelhada, como se ele não tivesse a mínima ideia de quem sou além dos lençóis. Logo eu que nunca acreditei nesse papo de que mulher dominadora também é dominada, provo mesmo que sem aprovar. Batíamos enquanto loucos arrancávamos a roupa um do outro, batíamos braços, cotovelos e costas nos móveis, a excitação era tanta sempre que diversos vidros quebramos e não ligamos, nem mesmo os cortes vimos ou sentimos, nem mesmo por eles paramos. Mulher dominadora também é dominada e assim se provava, como uma tourada: me deitar ou ser jogada na cama era ato da cor vermelha e ele ofegante feito touro perdia-se, notava-se isso em seus olhos, encontrava-se em mim. Um rebolar em sintonia com nossas respirações e olhares. Eu já estava exausta, abaixei a guarda e aceitei ser dominada.

2 comentários:

  1. Um texto que diz muito sobre o convívio de mundos humanos. Mostra toda graça e beleza da criatividade inventiva, ousada, exposta com graça de quem vive certa de que nem tudo é controlável, independe das regras, do querer...

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  2. Dá gosto de ler um comentário desse, ainda mais por ser um leitor. Fico muito feliz por isso, belas palavras. Muito obrigada!

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