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4 de jun. de 2013

A saudade que te trouxe




A verdade é que após tantos meses de nunca, planos de sempre foram o que não faltaram tanto de mim como de você, mesmo sem mover uma palha daí e eu a suspirar daqui. Após tantos meses de nunca uma aproximação me amedronta - seja ela como for, amedronta, gela e abala - Dá chance para a desconfiança adentrar o apartamento que por anos foi nosso, entra sem bater na porta ou pedir licença, senta no sofá de forma vulgar sem se preocupar, de cruzar as pernas ou manter a postura. Adentrou estufando a ideia em minha mente que mesmo que você volte, venha e fique, após em sorrisos eu estar vai me deixar, ir sem volta nesse teu caminho chulo sem minha presença. Nesse lance da vida nunca segurei lágrimas diante de despedidas, por isso mesmo só de pensar meus olhos já se inundam - nunca aceitei perdas por menores que elas fossem, ainda mais você de seu 1,80m - lágrimas foram o que não faltaram, de olhos inundados tantas vezes fiquei e sem sua presença por meses me vi. Nunca soube lidar muito bem com perdas e creio eu que nunca saberei por nunca querer aprender, é minha marca registrada. Como nas vezes que perdi meus grampos de cabelo, não eram grampos comuns, eram meus! Irritei-me. Nunca aceitei segurar lágrimas - como nunca segurei o que não me pertencia por direito ou não quisesse ficar por gosto -  sempre preferi deixar que elas transbordassem após inundarem meus olhos, como se fossem lavar minha face e tirar o peso da consciência em um conjunto perfeito após livrar a alma. Tantas vezes me vi acalmada após um transbordamento meu, tive assim a chance de me fazer firme mais uma vez. A saudade vezes ou outra balançou tudo em mim me fazendo enjoar e lembrar de cada traço seu. Foi ela, a saudade que te trouxe até aqui te puxando pelo braço. A saudade do meu cafuné e café mal feito, das inúmeras vezes que te esquentei mais que qualquer cobertor, luva ou touca, os apelidos meigos seguidos de cheiros no cangote e beijos delicados no olho esquerdo - por que qual outra iria te beijar assim moço? Qual outra que de mania direita beijaria no esquerdo? - as vezes que mesmo distante em mente me mantive presente ao segurar sua mão e por ela deixar meus dedos caminharem, mesmo com sono te olhava dormir por tanta beleza e aquelas minhas caretas após as brigas que você mesmo começava e eu por menina queria terminar com um sorriso em seu olhar. A saudade de nós que te trouxe aqui, a saudade do que você é só quando está comigo. A saudade que te trouxe aqui e assim confesso ter medo de piscar os olhos diante de sua presença, medo de que o destino seja mais rápido que uma piscada minha e eu note não te ter aqui por mais uma vez. Feito boba permaneço de olhos arregalados e sorriso escancarado, de ouvidos nulos não processo as falas alheias, estou ocupada demais contemplando sua presença. Contemplo enquanto há tempo. Chegou bagunçando, puxando olhares e arrancando sorrisos pelos ares. Você sabe, eu adoro bagunça. Percebi que era mesmo amor além de corpos na horizontal depois de dizer boa noite e sentir uma vontade incontrolável de esticar as cobertas e ainda envergonhada fazer sinal com a mão para que se deitasse comigo e eu fosse a primeira a te dar bom dia. Dormi com você e acordei assim, sem processar informação alguma além de sorrir solto e te ter pra mim. Ah moço, quanto tempo eu não sabia o que era sorrir assim? Chegou bagunçando, puxando olhares e arrancando sorrisos soltos pelos ares. A saudade que te trouxe aqui e não quero mais falar, vamos matar.

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