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12 de abr. de 2013

Que mulher



Que mulher era aquela capaz de chamar minha atenção em meio ainda ao meu sono na fila do pão, que lia jornal de uma forma divinamente intelectual que me intelectuou em sua forma de ajeitar lentamente a franja que encobria seus olhos, lindos olhos. Estava ali afim apenas de um café preto e forte para me acordar, mas não sabia mais se queria isso por pensar estar sonhando ao vê-la em minha frente. Resolvi entrar naquela fila mesmo que em seu fim eu não soubesse o que dizer ao padeiro enquanto a admirava do meu canto. Fui ao seu encontro quando um intrometido intrometeu-se entre nós me fazendo franzir as sobrancelhas em vão, estralava meus dedos em forma de descarregar tamanha agonia. Me mexia de um lado para o outro a imitar um pendulo na tentativa de espiá-la por sobre o ombro do intrometido a frente. Espiava sem notar o que ocorria em minha volta enquanto ensaiava diálogos, olhares e gestos o padeiro avisou que a próxima fornada de pão iria demorar um pouco para ficar pronta, seria o destino me dando um empurrãozinho? Talvez o destino que nos queira mais próximos. Te encontrei quando já havia declarado ser tarde demais para me entregar a um outro alguém, mas você assim ruivinha de tão bela que mal tem? Talvez o reflexo que o sol pode fazer em seus fios me deixando cego por alguns segundos. Repito: Que mal tem? Cego por seus fios, andar, perfume e... você. Ah moça, me deixa te acompanhar até sua casa mesmo que não me convide para entrar, mesmo que de longe quero te observar, na varanda ou no jardim quero te olhar e admirar cada traço seu.

Eu só queria ter com ela que de olhos cobertos por sua franja a deixava intelectual enquanto lia jornal. Um último romance, o qual despertaria em mim o desejo por sua boca na minha sem me importar o que passaria na TV, mesmo se fosse em um domingo a tarde. Me diga a forma de te acompanhar até sua casa, garagem ou jardim, onde for não te negarei um beijo saudoso em sua testa ou bochecha, pescoço e cangote. Onde for te roubarei um beijo de seus lábios finos e macios, que de inocente mal teria minha rapidez para que fosse surpreendida e não pudesse fazer nada além de se render a minha vontade que no fundo seriam nossas, em meus braços e barba por fazer. Me diga o que te incomoda que eu te distraio, soluciono como for, do jeito que der e eu puder. Como poderia eu imaginar encontrar uma moça que assim mulher me fez apaixonar sem me notar em uma fila qualquer. Deixe-me chegar em tua vida em qualquer cantinho e mostrar o sossego de um cara calmo afim de amar sem se preocupar com o que os outros possam dizer.

Entretida com a leitura de seu jornal imagino eu que não tenha escutado as palavras do padeiro sobre a demora do pão, parecia não se preocupar com o tempo de espera por algo que queria. Que mulher, que encanto aos meus olhos e pensamentos tu me passou. Para o meu agrado e completa surpresa ela por um segundo ergueu seus olhos não mais com sua franja a encobrir, me viu pouco mais atrás de pés esticados e olhos em sua direção. Sorriu. Sorri espantado deixando uma gargalhada de nervoso saltar de mim até seus ouvidos. Ficamos nos olhando e nesse tempo ela guardava seu jornal na bolsa, a fila caminhava e ainda nos olhávamos. Ela pediu meia dúzia de pães e um doce de abóbora, enquanto o padeiro atendia seu pedido o ajudante perguntava o que eu queria, nenhuma palavra saiu de minha boca, apenas olhei para aquela moça afirmando que nada ali me interessava mais que ela. Meus olhos afirmaram isso tão bem que ela sorrindo brincou: Não sou funcionária nessa padaria e menos ainda estou á venda. Afirmei com olhar bobo o meu conhecimento sobre isso, com olhar profundo afirmei que a queria fora daquela padaria e dentro da minha vida. Sorriu e me convidou para trocar o café preto por um suco natural de laranja. Após isso minhas palavras foram se formando em frases cada vez mais afirmativas e doces: Que bela calçada, jardim, garagem, sofá e... Que mulher.

2 comentários:

  1. MEU DEUS DO CÉU! Que belas palavras karen, eu fiquei boba com essa história. No meu ponto de vista acho que isso é um texto crônico né? Eu amei cada palavra, meu Deus, nunca mais eu tinha lido um texto tão belo e tão puro quanto esse. Com certeza é o meu blog favorito do mês, virei sem dúvida leitora fiel sua. Você esta de parabéns flor, amei o texto, amei o seu blog e adorei você.
    O café e o pão com queijo coube direitinho na leitura desse lindo texto.
    A melhor leitura do dia.

    Beijos, diario--colorido.blogspot.com

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    1. Crônico sim, mas bem que podia ser real haha Muito obrigada pelos elogios, fico feliz! Volte sempre queria e na próxima traga um café ou o que mais quiser rs Beijo.

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