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15 de mar. de 2013

Eu nunca desejei ser a outra, mas...





Nunca desejei ser a outra, mas titubeei em alguns degraus dessa sua vida e por leves e penetrantes olhares seus e instantes numerosos de dúvidas recheados de palavras e silêncio meu, me vi ali, intitulada sem uma pronúncia em tom alto "a outra." A outra que te desejava mesmo que sem dizer uma única vez diretamente, não mais que olhares envergonhados e mãos desjeitosas se espremendo, de olhos gritantes. A outra que não te tinha do modo que desejava. A outra que recebia teu sorriso de bom dia ás sete horas da manhã, mesmo que você tenha acordado ao lado dela ás cinco e quarenta. A outra que é cumprimentada com beijinho no rosto e abraçada com um tapinha leve nas costas, coisa de bons amigos e conhecidos. Bom, nos conhecemos e eu não queria parar por ali. Eu nunca desejei ser a outra, mas por estar acordada era essa a minha realidade mesmo que impossível de acreditar e ser comprovada. A outra que só te desejava bem, mesmo que com um outro alguém. Com você mesmo que clichê era tudo diferente, nunca havia o notado mais que esse jeito engraçado. Parava ali. Mas retornei, o notei além de engraçado: o notei homem. Mesmo eu menina e você homem éramos de línguas afiadas e personalidades grandiosamente fortes.

Eu nunca desejei ser a outra, mas isso não é algo que se deseje e sim que acontece. Não é um convite em papel branco com fios de prata, você não o abre. Quando vê já está nessa situação sem saber como foi parar ali, mais envolvida do que naquele seu filme preferido de sábado á noite acompanhado por um pote de sorvete de flocos com calda quente. Nunca desejei ser a outra, também nunca pensei em propor o jogo baixo de escolher entre eu e quem fosse. Posso até ter chego antes, mas a intenção real de uma ação foi tarde demais admito. Tenho minhas qualidades e defeitos, que ambos não são poucos, a verdade é que sou incapaz de competir nesse jogo. Eu me nego a prestar esse papel por não ser o principal em sua vida. Entrei em campo sem conhecer a adversária que na verdade eu nem ao menos sabia da existência, não sou de desistir do que quero, mas se não me quer titular iria eu insistir pra quê meu bem? Sou sem reservar, sim ou não. Aqui e agora. Eu e euzinha. Jogo a camisa 10 no gramado, até aceito reclamações e cartão vermelho calada de acordo com meu humor, mas saio fora dessa parada. Joguei a camisa sem olhar para trás porque eu sei que o que é meu o vento trás.

Com a mesma clareza e leveza dos seus olhos verdes e pele clara, mesmo sem nos vermos sempre não nos esquecemos nunca. Bom deitar-se olhando para o céu e lembrar das manhãs de nossas conversas variadas, é sentir falta de algo que no fundo nunca foi meu. Por mais que eu estivesse com os braços esticados o abraço não poderia ser dado calorosamente como desejado por mim e até você. O conforto dos seus braços fielmente a cada noite e manhã é caro demais e eu não posso manter essa banca por agora. Eu nunca desejei ser a outra, título tido como chulo aos meus ouvidos. De outra que tenho sido mesmo só a boa amiga e conhecida, que ainda com olhos envergonhados e mãos que se espremem diante de sua presença te olha e sorri, de fé grande e gosto pelo futuro que vezes ou outras surpreende.

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