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15 de fev. de 2013

Devo estar sonhando





Um raio de sol forte invade o quarto pela janela diretamente em meu rosto, abro os olhos e ali está ela, com os cabelos iluminados pelo sol que a faz reluzir. Devo estar sonhando porque essa é a única explicação já que morto não posso estar, sinto meu coração pulsar e sangue correr por minhas veias, não estou acordado e você não está em minha cama. Por que estaria? Só porque sinto o cheiro do seu cabelo no meu travesseiro isso não significa que passamos a noite juntos. Sinto minhas costas arranhadas com uma leve ardência. Vou até o banheiro e me olho no espelho, vejo riscos fundos com vermelhidão. Volto e olho sua mão, muito pequena e macia para ter me feito aquilo. Devo estar sonhando. O quarto não está mais com cheiro de cigarro, sei que você não gosta e por isso comecei a fumar só quando fechou as malas, me deixou e parou de me chamar de seu amor. O quarto não está mais com cheiro de cigarro, você acendeu seus incensos. O cheiro e seu calor em meu peito são fortes demais, me forço para não acreditar que isso seja verdade por mais que eu queira. A cama está completamente bagunçada, não sei porque já que durmo no meu cantinho esquerdo e a bagunceira sempre foi você. Abri os olhos e a procurei ao meu lado, apenas uma presilha de cabelo em formato de borboleta. Respirei fundo tentando entender que aquilo não havia passado de um sonho, claro. Senti cheirinho de café fresco e bolinhos de chuva, aqueles bolinhos que feito menino eu como e sorrio inocentemente. Dei um pulo da cama, desci as escadas correndo e lá estava o motivo do meu maior sorriso em uma camisola branca de fita rosa, cabelos soltos e uma xícara de café na mão.

Sempre te respeitei mulher, me norteiam seus gritos que ecoaram por nossa casa e os vizinhos espiavam da fresta da janela se eu ousaria levantar a mão para você. Ousei, levantei as duas até. Com brutalidade, agilidade e suavidade te peguei e a deixei no sofá, só mais uma vez, por uma noite para ter a certeza que tudo que vivemos nos últimos dois anos e meio não foi apenas um sonho e se fosse para acordar que eu sentisse ainda a doçura de sua boca na minha e suas unhas pelo meu corpo me fazendo arrepiar. Não mais do que aquele seu olhar ao se deitar e me encarar. Dormi e sonhei, devo estar sonhando desde quando ela se foi, o mesmo ciclo ilusório. Nossa cama havia se tornado zona de perigo me fazendo lembrar das loucuras que fizemos ali, assim como os mimos mais bobos de bom dia e café da manhã, um cheiro e um boa noite, até amanhã. A saudade resolveu se deitar ao meu lado no sofá, aproveitou para estralar minhas costas. Uma dorzinha que quando passa é um alívio.

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