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11 de jan. de 2013

Saiba moço



Saiba de uma coisa moço: Se tu vier aos meus braços te ofereço meu colo. Que se achegue e deite, se conforte em minhas coxas bem apessoadas. Irei te fazer cafuné como de costume e tamanho gosto. Saiba de outra coisa moço, eu não te negarei nada se houver uma vinda sua de livre e espontânea vontade - mesmo que seja uma espontânea pensada e planejada por horas suas. Saiba de mais uma coisa moço, olhe, se lembra? Vesti esse vestido de cor azul e vermelha porque lembrei que você gosta e eu acabei me prendendo a ele, já que você soltou-se de mim tempos passados. Claro que tenho crédito no meu celular, que pergunta boba a sua. Não mandei um bom dia porque seria mentira minha, apenas obedeci sua posição de distante e mantive assim. Toda vez que o celular vibrava minha mão tornava-se mais rápida que a luz e... operadora. Cansei, apaguei seu número antes que fosse obrigada a fazer interurbanos de moça perdidamente amando com dor de cotovelo e exausta de saudade. Apaguei sim seu número da minha agenda telefônica, apaguei e não nego, apagaria outras centenas de vezes se pudesse. Me fez bem, olhe esse meu brilho no olhar. Note essa luz em minha alma, amor-próprio como os poetas dizem, amor meu. Confesso deixando o orgulho de lado, falo baixo por ele ter sono leve, confesso amar o nosso amor, aquele que se desmanchou em ciúme. O mesmo que qualquer ser humano percebe em nossos cheiros, olhares e respirações. Um amigo lançou-me palavras e as mesmas adentraram minha mente: "Você apagou o número dele, duvido certeiramente que ele tenha apagado o seu." Será moço? Não, não responda, por favor! Tenho medo de sua resposta, mais ainda, tenho medo de sua justificativa. A verdade é que tenho medo de tudo que eu não sei de onde provêm com absoluta certeza, sem meu alvará, minha certeza de papel timbrado. Moço, não faça isso comigo eu te peço, imploro e até mesmo suplico. Desfaça já esse bico! Por favor... Ahhh não! Estou ficando fraca, amolecendo, derretendo feito manteiga, é mais forte que eu. Forte ao ponto de me fazer fixar os olhos em seu bico e produzi-lo em minha boca, pronto. Dois bicudos. Está com fome? Deve estar. Espero que esteja. Quando fico assim gosto de comer algo, mesmo que não esteja com fome, venha comer comigo na cozinha também, odeio comer sozinha. Mas também odeio que me olhem comendo... Faz assim ó, come em minha companhia, mas olhe para lá, tá? (risos do moço) Oh... Não gosto que ria de mim assim, me deixa envergonhada. Tome aqui e se cale, olhe para lá. Vamos ao sofá. Sabe moço, senti muita saudade de te ver comendo (risos). É que come pelas beiras, ainda que com pressa come devagarinho e se lambuza, suja a fuça feito criança e fica assim, menino. Ai, espere. Você veio até aqui com algum propósito além de comer a torta de morango da minha mãe e me ouvir falar que come feito menino e se lambuza. Sabe bem como sou, falo mais do que devo ou penso, desde pequena minha mãe sabia como eu deveria ser. Comecei com as palavras antes dos passos, a língua desenrola tanto que não saio do lugar, fisicamente claro, porque mentalmente desde que você entrou por aquela porta eu fui até París e voltei. É sério moço! (risos) Sabe que sou apaixonada por lá, aquele lugar e seu ar. Aquela cidade me faz lembrar você e vice-versa...  Sabe moço, eu te... Ai, espere. Olha eu atropelando seus pensamentos e possíveis ações com minhas palavras, desculpe moço, mas você sabe como sou. Ainda que olhe pelas beirinhas, devagarinho observo e com pressa me lambuzo em palavras. É que eu amo palavras, eu amo falar, amo amar e até gosto de ouvir, de muito gosto suas palavras. Amo vo... Ai, espere. Olha eu aqui me lambuzando em palavras sem ter quem me limpe ou me cuide mais uma vez. Saiba de uma coisa moço, eu não sei o real motivo pelo qual veio até minha casa, no mínimo para olhar outra vez meu riso. Isso me faz lembrar de alguns meses atrás que estava andando pela casa e voltei, olhei para o espelho e fiquei imóvel me observando. Notei que franzi um sorriso, assim que respirei e voltei ao normal sorri mesmo, deixando dentes á mostra. Sorri como naquela época, sorri e estava feliz. Passou por minha mente "o esqueci", mas não, amadureci. Ê moço... Sorri e lembrei do teu sorriso, gargalhei por tamanha tolice minha, achar que havia te esquecido. Engraçado não é mesmo? Ok, já pode parar de rir assim e pode parar de falar que estou ficando corada, assim fico mais e mais. Pára! Rum... Obrigada. Sabe moço, eu te amo. Sim, eu já havia imaginado esse momento, na verdade mais vezes do que você pensa (risos). Mas nenhuma vez foi como essa, acho que eu sempre te subestimei, logo você um falador nato se privando de discursos e me presenteando com seus ouvidos e completa atenção, mesmo que para as minhas palavras lambuzadas e bobas, assim como eu. Eu sou boba. Não precisa dizer que sou muito! Tudo bem, eu também estou cansada, venha cá. Mas se eu dormir antes de você promete me fazer cafuné? Promete? De mindinho? Oh, dessa vez o bico é meu... Xiiiu, não faça barulho com os sapatos, meus pais estão no quarto ao lado. O que? Pra quê quer um copo de água? Eu sei que água é para beber, mas já é tarde e não quero acender a luz e está escuro, você sabe o caminho. Não me venha com esse papo de que amor é saber qual caminho seguir, mas não querer ir sozinho, é apenas um copo de água. Tá, tá, estou indo, me espere moço. Tome aqui, pronto. Saiba de mais uma coisa, eu durmo de luz acesa todas as noites moço, menos essa.

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